"Pra não dizer que não falei de flores"

"Caminhando e cantando, e seguindo a canção..."
... eu simplesmente amo Flamboyants! Nunca soube bem porque estas árvores me fascinam, mas elas me deixam de boca aberta. Eu soube o que era Flamboyant no início da juventude, com essas coisas de Bossa Nova. Árvore linda, simplesmente majestosa. Sempre amei as folhas miúdas e as flores vermelhas. Existe o flamboyant laranja, mas eu gosto do vermelho.


"Caminhando e cantando, e seguindo a canção ..."
... um tempo que eu tentava comprar um terreno, eu procurava primeiro pelo flamboyant adulto, vermelho, depois prestava atenção no terreno. Se fosse bom, aí sim, sonhava com minha casa de madeira, de dois andares, ou um pavimento só, grande, gosto de espaço, com pelo menos quatro quartos pra abrigar todas as visitas, terreno ajardinado e o flamboyant majestoso ali, do lado da casa, com minha rede pendurada.

Uma vez achei o terreno e me preparei para comprá-lo, era perfeito.
Mas a vida é mais dura do que a gente deseja... nunca comprei o tal imóvel. Tive que morar de aluguel,
Mas Deus foi tão bom comigo que no terreno da minha vila, onde eu guardava o meu carro, havia um flamboyant lindo, vermelho... Dei-lhe o nome de Euzébio. Ao sair para o trabalho, eu o cumprimentava: "bom dia Euzébio!"



"Caminhando e cantando, e seguindo a canção..."
... durante os três anos que ali morei, Euzébio me alegrou, e amenizou os dissabores de ter que morar num local tão conturbado, até que as circunstâncias de segurança me obrigaram a mudar subitamente. Na correria da mudança, não pude escolher onde ia morar pois mudei duas vezes de casa em menos de três meses. Quando cheguei neste apartamento onde moro atualmente, me alegrei tremendamente! Ao visitar o imóvel pela primeira vez, senti, é aqui o meu lugar! É onde o coração se aninha.


Mas ontem, só ontem, depois de um ano morando aqui, é que prestei atenção, ao colocar os pés fora do prédio. Quem me saudava majestoso, florido, lindo? Outro Euzébio! Mais bonito que o primeiro! A primeira visão que tenho quando saio de casa é a de um Flamboyant gigantesco florido, lindo, parece sangrar de tão vermelho! Está plantado na casa do vizinho da frente, mas sinceramente, quem tem a melhor visão dele sou eu!




Olhar para esta árvore me dá tanta alegria! Acho que é porque ela flori no verão e eu sou uma pessoa de verão! Nasci no verão, e, apesar de quente, é a minha estação! O verão é o tempo da chuva, chuva forte, mas que logo passa, assim como as tristezas do meu coração. Chovem forte, mas logo, muito logo, elas passam. O verão também é a estação que posso exercer meu direito tupiniquim de diminuir a quantidade de pano que cobre o corpo! Eu amo o verão! Eu amo Flamboyant! Mas também amo o Ipê, o amarelo.




"Caminhando e cantando, e seguindo a canção..."
... eu aprendi a admirar os Ipês quando viajei de ônibus pelo cerrado, indo do Rio pro Planalto Central, em 2004. Essa árvore me inspira muito respeito, um sentimento de honra que diante de uma delas eu tenho a tendência de me curvar, tirar o chapéu, fazendo uma mesura qualquer de reverência! O amarelo das flores no meio daquela terra vermelha, ressecada,  irrigada artificialmente me lembra a vida, às vezes tão seca, tão dura, tão difícil de cultivar, de tocar pra adiante... Mas se a gente tiver fé, colocar nossas raízes lá nas profundezas, onde estão abundantes lençóis d'água, a gente consegue simplesmente florir no meio da sequidão! O ipê é uma árvore da primavera, depois de ser totalmente desfolhada durante o inverno, ela desabrocha, maravilhosa, sem folhas, mas repleta de flor, mostrando que a esperança sempre ressurge depois de um tempo frio e castigante.




"Caminhando e cantando, e seguindo a canção..."  
...eu também amo os lírios e amo as murtas! Bem, os lírios são bravos, fortes, destemidos, indestrutíveis! Deles já tenho falado por aqui várias vezes, eles são o meu nome, minha identidade!


Mas as murtas ...  São simplesmente doces! Pequenas, delicadas ... meu prédio tem um pequeno jardim, onde plantei quatro mudas de murtas. Ela é bastante confundida com o jasmin, mas é murta. Eu as trouxe da outra casa, era uma muda adolescente, que se multiplicou em dois, quatro, oito, só pude trazer quatro delas, que ficaram em vasos, mas atrofiaram. Este verão retirei as quatro dos vasos, coloquei no jardim, onde posso podar, regar e conversar com elas. Quero vê-las florir em breve, e ser saudada alegremente no sereno da noite por aquele perfume maravilhoso que  esparrama pelo lugar feito notícia boa!  Ainda vou pensar no nome que darei às murtas, depois eu conto!


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