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Mostrando postagens de janeiro, 2008

Rebeca foi absolvida e a graça começou a ser entendida!

Essas minhas andanças por aí andam me proporcionando algumas surpresas. Neste último domingo estive numa igreja batista no interior da cidade de Nova Iguaçu. Meu desafio: lecionar para um público de umas 60 pessoas sobre Bíblia e Gênero, refletindo sobre Rebeca: divida entre 3 amores, a lição 4 da Palavra e Vida deste trimestre. [nos links aqui ao lado, vc tem acesso ao texto da lição e também ao roteiro de aula que segui com este grupo] No final da aula tivemos uma dramatização: o julgamento de Rebeca. Rebeca foi interrogada por um advogado de acusação e uma advogada de defesa, e como mulher e mãe, respondeu à todas as perguntas. O júri era o próprio público, que recebeu pequenas cédulas para votação secreta a respeito desta mãe que colocou seus 3 amores uns contra os outros, o marido e seus dois filhos e depois disso desapareceu da narrativa bíblica. INOCENTE ou CULPADA, apenas uma das respostas deveria ser escrita no papel. Uns minutos antes, um dos participantes do estudo me pergu

E essa imagem toda esquisita aí em cima?

Eu sou meio fascinada por mapas. Quando encontrei este aí fiquei encantada! Penso que jamais teria a oportunidade de ver a Palestina sob este ângulo se não fossem os recursos de satélite e da net. Não é diferente? Olhar para a Palestina de cabeça para baixo! Mas por quê, cabeça para baixo? A terra não é redonda (ou ovalada)? Deveria ser possível enxergá-la sob todos os ângulos imagináveis, ao invés de nos limitarmos naquela projeção quadradinha que os atlas nos dão, não é mesmo? Eu quis colocar esta imagem aqui porque trabalhar com Bíblia requer um constante esforço de virar o texto de "cabeça para baixo", e trabalhar com Gênero também demanda o esforço de passar para o lado de lá, tentando enxergar as circunstâncias com o olhar do outro sujeito, com o olhar diferente do nosso. Fiquem aí com a Palestina de "pernas pro ar", pensando um pouquinho em como isso pode ser provocado na reflexão teológica, ok? P.S.: Vez ou outra eu troco este texto de lugar, retiro lá do fu

Sexo, sexualidade e reflexão teológica (parte 2)

(continuação da postagem anterior) 3. Reflexão bíblico-teológica feminista latino-americana para o século XXI Em 2004, teólogas biblistas latino-americanas, assessoras de RIBLA [1] , se reuniram no Brasil para discussão das pautas hermenêuticas que norteiam a reflexão bíblico-teológica feminista. O objetivo era listar as prioridades e ênfases na reflexão teológica para que a hermenêutica bíblica feminista latino-americana continue seguindo seu caminho sem abandonar seus pilares, seus valores centrais, abrindo, porém, novos tópicos no debate de gênero, religião e teologia bíblica. Ali se reafirmam alguns paradigmas para a hermenêutica bíblica feminista latino-americana no despontar do séc. XXI [2] : a) A parcialidade interpretativa e a pluralidade de paradigmas é critério interpretativo em nossas abordagens; b) a hermenêutica feminista latino-americana é filha do movimento bíblico-teológico latino-americano e continua tendo como objetivo “a construção de relações justas e de superação d

SEXO, SEXUALIDADE E REFLEXÃO TEOLÓGICA: ONDE É QUE ELES SE ENCONTRAM?

Uma introdução ao debate sobre teologia e gênero [1] Lília Dias Marianno PARTE 1 Resumo Este artigo foi produzido para a seção de gênero da revista Incertezas. Seu objetivo é introduzir o campo epistemológico duas de suas principais categorias de análise: corpo e sexualidade como espaços de produção do saber. Traça o desenvolvimento histórico da teologia feminista desde suas origens nos anos 70 até o século XXI. Mostra como o modelo de estudos de feministas estabelecem a estrutura dos estudos de gênero e teologia que vêm sendo desenvolvidos no segmento queer e também nos grupos de varões. “Ser um homem feminino, não fere o meu lado masculino, Se Deus é menina e menino, sou masculino e feminino...” [2] Introdução Os versos da canção “Masculino e feminino”, que estourava nas paradas de sucesso durante os anos 70, são nossos provocadores neste momento. A reação de muitos aos versos desta canção era a de considerar um absurdo que estas frases de conotações “homossexuais” envolvessem o nom

Ah ... que malvado esse sistema!

O Rubinho fez um comentário muito interessante ao meu texto "Submissão e Subversão". Fui tentar dar uma resposta por lá, mas acabei construindo um texto muito longo, que merecia virar uma nova postagem. Vou tentar fatiar este bolo em duas partes principais que ele elencou, ok? Se quiser ver o comentário completo vá para o texto que citei. submissão é missão de base [...] será que definições como essa não podem ser consideradas uma suavização [...] do conceito de submissão feminina na igreja por puro concordismo bíblico [...]? Eu entendo o que você sugere. Tenho que concordar que em alguns casos é isso mesmo que acontece. Mas não em todos, e por incrível que pareça, em alguns casos, as gerações mais antigas dão mais valor à mulher. Neste exemplo do ancião, foi uma coisa tão bonita, pois era um pastor bem velhinho, que demonstrava uma gratidão e um reconhecimento tão grande pela participação das mulheres na estrutura da família e da igreja, e mostrava isso de forma tão sincera

Feminismo não é feminicentrismo! Por caridade!

Eu recebi um comentário muito interessante sobre o meu texto "Submissão e subversão", de alguém que diz ser membro da minha ex-igreja, mas eu não conheço. Como os comentários neste blog são moderados, me reservei ao direito de não publicá-lo pelos motivos que vocês já vão entender. Se tratava de uma "mulher", de 22 anos que diz ter uma "longa experiência" nesta área, não concordando com o texto, dizendo que o feminismo não é coisa de Deus e que as mulheres tem que estar numa hierarquia inferior na relação familiar, de dependência e obediência. Além disso ela falou que minha leitura de Paulo estava equivocada (eu trabalhei com um texto de Pedro!!! Não me recordo ter usado Paulo!) e que não concordava, mas gostou do blog e ainda queria me adicionar como amiga no orkut. Quando olhei o perfil dela no orkut, tinha cara de fake , uma pessoa sem foto, sem profile muito definido, com 6 amigos adicionados, um ou outro eu conheço. Achei meio fantasma e preferi ver

Subversão: o modo como entendo a submissão da mulher

Lília Dias Marianno [1]   Esse texto foi preparado para um congresso de mulheres que participei em 2007 numa importante igreja batista no Rio de Janeiro. Foi um divisor de águas, muita gente não gostou, mas muitos passaram  a visualizar a questão com novas lentes. Vez ou outra volto a ele para atualizar as referências. Você pode voltar também para ver se acrescentei algo novo. Desfrute! ..... Muito se fala, atualmente, sobre a revisão do papel da mulher cristã na sociedade no século XXI. Discute-se o patriarcado como se ele sempre estivesse presente na humanidade sem considerar o tempo no qual as mulheres se destacavam socialmente. Os movimentos por equidade de direitos humanos ressaltam, cada vez mais, a necessidade de uma revisão das pautas que nos nortearam de maneira inquestionável até poucas décadas atrás.  Desde a década de 70, com a força do movimento feminista, as mulheres tem voltado  a conquistar espaços primordiais na sociedade. Digo que estão voltando porque nem sempre foi

Sexo frágil? Que nada!

Lília Dias Marianno [1] Movimentos humanos de nossa época... Alguns fatos que tenho vivido, recentemente, têm me levado a refletir sobre a força da mulher. Enquanto estou nestas reflexões não consigo impedir que minha mente reproduza os ecos de certos versos do cancioneiro popular: “... dizem que a mulher é o sexo frágil, mas que mentira absurda! Eu que faço parte da rotina de uma delas sei que a força está com elas...”. Nas últimas décadas, a mulher tem conquistado espaços e reconhecimentos cada vez maiores na sociedade. A competência feminina, no fundo uma bela mistura da sensibilidade e versatilidade, tem levado muitas mulheres à posições de destaque no ambiente acadêmico, profissional, político e também religioso, além da casa, seu espaço principal. Os reflexos deste irreversível movimento social afetam, inclusive, os setores líderes de nossa denominação, como se pode conferir na discussão sobre a inclusão das pastoras na Ordem dos Pastores Batistas do Brasil. A assembléia anual de