Me voy, cantando!



Quando na dor, na tentação,
quero em Tuas mãos agarrar
para que não venha a me desviar,
quero poder permanecer
sempre nos teus caminhos
para firmar meus pés em Ti
ó Autor da vida, meu Senhor!

(Nelson Bomilcar - Permanecer)

Esta semana recebi, do coordenador de nossa faculdade, uma correspondência dirigida aos professores, com uma afirmação interessante, para nos dar ânimo, em meio a uma situação muito difícil que estamos vivendo na casa. Ele disse: "conheço a política, a maldade, conheço nosso balanço, conheço as dissimulações dos religiosos, as pantomimas da confissão..." e eu tive que assinar em baixo. Nós conhecemos, e não são belas.

Há momentos da vivência religiosa, principalmente da vivência no institucionalismo  religioso, que a alma seca, a fé se vai e a esperança enfraquece. Estes momentos acontecem principalmente quando nossos líderes religiosos nos decepcionam, nos tratam como objetos, esquecem do ser humano que está ali diante deles, esquecem da dinâmica do ministério de Jesus e da forma como ele era incapaz de desvalorizar o ser humano carente, que a ele se achegava.

Como permanecer firmes, no ministério, no chamado para capacitar os vocacionados que vão servir a Deus por meio desta instituição, se somos tratados desta forma? Como dar uma aula inspiradora? Como falar do amor de Deus nestas circunstâncias?

Uns dias atrás, pela manhã, chegando para a aula das 08, eu vinha cantando um corinho que minha mãe me ensinou quando eu tinha uns 4 anos de idade, e que eram a expressão clássica daquele americanismo que regia nossas liturgias na década de 60. 

A canção, traduzida para o português (traduziam nossos corinhos infantis!!!) dizia assim:

Graças te damos, terno Jesus, 
pelas manhãs tão cheias de luz, 
e pelo sono reparador 
que desfrutamos por teu grande amor. 
Pelos gorjeios do rouxinol, 
pelos amigos raios de sol, 
que às criancinhas trazem vigor 
e ao mundo fazem tão encantador.

Só missionários americanos conseguem colocar numa canção para primeira infância palavras como "reparador", "gorjeios", "desfrutamos", mas esta herança me colocou de pé no dia de ontem.

Sem contar das tribulações pessoais que nós, professores, temos enfrentado,  iniciei a aula recitando este poema (quase cantei, mas só receitei) e depois oramos.

Nossa aula (minha para eles e deles para mim) foi um momento de mútua inspiração, de quebrantamento e de reentrega ao Senhor de nossos desejos, nossas habilidades e nosso ministério.

Por estas e outras situações, concluo que estamos vivendo tempos epifânicos na Colina. Tempos nos quais é a esperança na bondade divina que nos mantém de pé. A despeito de todas as adversidades, cantamos, felizes, a bondade do Senhor porque Deus é Deus, homem é homem. Saber disso já basta!



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