Sábado à tarde, um hospital, uma enfermaria Eu ali, na cama, há três dias, jazia por uma bolsa d'água rompida antes da hora. O bebê, que lutava para sobreviver, aos poucos enfraquecia, chegava-lhe cruel, a asfixia por médicos que forçavam o trabalho de parto acontecer Nem pai, nem amigo por perto Só eu e o bebê lutávamos, e a Deus, por um milagre rogávamos: "Senhor, não nos deixe, desta forma, morrer" Uma onda de ira me invadiu, e com insuportável indignação declarei: "Se por negligência meu filho morrer com a justiça todo o hospital vai se entender" Assustados, médicos e enfermeiros me encaminharam à sala de operação. Mas parece que foi ontem... Perto das quatro você nasceu, cansadíssimo não chorou. Dizem os médicos que eu o vi, mas o que me lembro é que desfaleci. Dali saiu direto para a UTI e eu, imediatamente, não o conheci. No dia seguinte eu o vi, tão lindo, tão perfeito... O cabelinho negro e escasso, hoje densos e fortíssimos